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Reforma no Blog!

Agradeço a todos que tenham sido leitores fiéis do nosso Blog e dou este comunicado:

A equipe do Blog Necrópolis conseguiu vários parceiros e por isso fizemos uma grande reformulação em nosso Website!
A reformulação está agora completa e espero que gostem, desfrutem, aproveitem.
Continuaremos com a história em poucos dias e tentaremos ser um pouco mais rápidos a partir de agora, tentaremos.
Agradecemos de principio ao grande novo parceiro, o Blog RabbiTech, que reformulou nosso Website!


Aceitamos amistosamente seguidores, amigos, ajudantes, todos com espirito de felicidade.
Acreditamos que recrutaremos mais membros para a nossa equipe, por isso fique atento.
A equipe ainda será completamente divulgada e sempre estará crescendo!

Quer ser nosso parceiro também e ter seu banner divulgado em nosso Blog?
Entre em contato conosco pela página "Contato"!
Gostaríamos de parceiros para um futuro próximo, e aceitaremos os mesmos de bom grado.

A todos uma ótima leitura e esperamos que saia desse blog mais feliz e entretido que entrou.

,Abraços de Confraternização
Equipe NecrópolisBlog
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Capítulo 8 – Perigo latente

Tudo escuro, ainda ouço os gritos de Julia ao longe, não consigo me mexer. Meu coração acelera, preciso levantar, mas está tudo tão distante, não sinto meu corpo. Apenas sinto o sangue escorrer e o chão duro contra meu peito. Ouço um diálogo, não entendo o que dizem nem reconheço as vozes. Devo ter sido atacado por um infectado, me tornarei um também? Mas e o que aconteceu com Saddam após avançar contra quem me atacou? Espero que ele esteja bem. Recordo-me de seu choro.

Subitamente lembro-me da conversa da qual Julia não quis falar comigo. Encho-me de ódio, como nunca antes. Enquanto tento pensar sobre o que está acontecendo, ainda sem conseguir enxergar, ouço Saddam chorando ao fundo. Minha raiva me consome, aos poucos vou recuperando a consciência, mas tudo está confuso e ainda sinto o sangue morno escorrendo pelo meu rosto. A vontade de espancar até a morte quem agrediu a mim e ao cachorro cresce a cada segundo. Devo estar me tornando um deles, pois na TV diziam ser a raiva e agressividade os primeiros sintomas.

Sinto que alguém me arrasta para algum lugar. Provavelmente deve ser um infectado, tenho de me recuperar rápido, antes me tornar um deles e assumir uma condição deplorável do que ser transformado em comida para esses animais.

Soltam-me, sinto minha perna bater no solo e paro de ser levado, sinto um chão áspero e quente sob meu rosto machucado e sangrando após ter sido arrastado. Ouço agora alguns gritos distantes e o cheiro de morte invade minhas narinas. Recobro a consciência. Estou em meio a uma rua, pedaços de corpos espalhados na calçada trazem o odor de carne apodrecida. Ao meu lado, uma cabeça humana de longos cabelos loiros e parcialmente decomposta observa-me com olhos vidrados e a boca já sem parte dos lábios que talvez tenham sido comidos por um doente ou um animal qualquer. Enquanto vejo esta cena grotesca, formigas se banqueteiam entrando e saindo em fila de um buraco no crânio onde provavelmente havia passado a bala de uma arma.

Surpreendentemente, não me assusto com a imagem. Nada mais me aterroriza. Tento levantar-me e observar minha volta antes que algum infectado descubra que ainda sou carne fresca no pedaço.

Devo estar há quilômetros de onde me acertaram, pois ao redor não há rastro de sangue mesmo depois de ter sido arrastado e não reconheço a estranha paisagem à volta. Algumas casas velhas cercam o local, pareço estar em um pequeno vale, pois ao redor não há muita visão além de ruas que terei de subir. Como estarão Julia e Saddam? Espero realmente que não tenha sido Jean quem me atacou, caso contrário, ainda o acharei e ele servirá de comida de infectado após ter sido torturado e esquartejado.

Na rua logo acima há carros destruídos como sempre, vou até eles e verifico o que posso usar. Em um deles há uma barra de ferro, não sei para quê poderia ser útil dentro de um carro, mas para minha proteção terá muita serventia. Através do retrovisor do carro olho meu rosto. Vejo uma pessoa parcialmente coberta de sangue já seco, sinto pequenas pedras em minha bochecha e o sangue recente ainda mostra alguns arranhões avermelhados onde escorre levemente o líquido vermelho de minhas veias. Continuo a subir a rua e ouço alguns gemidos logo à frente. Avanço com muito cuidado, me preparando para atingir uma possível ameaça pelas costas. Circundo o carro de onde vinham os gemidos de agonia e dor, preparado para atingir quem quer que fosse.

Quando me viro para golpear, vejo alguém chorando, uma pessoa totalmente deformada, seu rosto cortado e repleto de hematomas, uma bochecha sem um pedaço sangrando intensamente, com um dos braços quebrados e visivelmente sem condições de reagir.

Pergunto:
_ Quem é você?
Continuo ouvindo os lamentos... Repito a pergunta e aí ouço uma resposta:
_ Não importa mais quem somos, e sim o quê somos.
_ Você for mordido, certo?
_ Sim, isto faz muito pouco tempo. Fui espancado e abandonado pelo meu grupo de sobreviventes, assim que viram que havia sido infectado. Pudesse eu ter sido morto.
_ Tem forças para se levantar e andar?
_ De quê adianta sobreviver neste mundo de merda? – Diz o rapaz.
_ Prefere a morte?
_ Se eu pudesse, escolheria morrer neste exato momento.
Sabia o que deveria fazer, mas antes, tentaria extrair o máximo de informações dele, talvez tenha sido este mesmo grupo o qual nos atacou horas antes.
_ Foi o seu grupo quem me atacou?
O rapaz, parecendo confuso, completa:
_ Como? Não entendi. Você não vai me ajudar?
Sem a mínima piedade e com a vontade de dar fim logo na situação, completo:
_ Foi o seu grupo quem atacou o meu? Um carro amarelo, com uma menina, eu, um cara estranho e um cachorro grande.
_ Não sei do que você está falando.
_ OK. Você tem comida e água?
_ Não, eles me deixaram sem nada.
_ Nem mesmo uma arma qualquer? – Logo após a pergunta, noto quão estúpida fora.
_ Se tivesse uma arma não estaria querendo morrer a essas horas, seu idiota! – Responde o rapaz rispidamente.
_ OK. Você quer morrer não é mesmo?
_ Sim!
_ Então morra.

Saí andando e deixei-o sentado, exatamente da maneira em que estava até alguns segundos atrás quando conversávamos.

Ouvia os seus gritos com xingamentos e depois, implorando para que eu voltasse e o matasse. Vontade não faltava, mas depois dos xingamentos, optei por deixá-lo por lá, ele continuaria gritando e uma hora ou outra morreria ou se tornaria um infectado inútil, pois nem se mexer, conseguia.

O sol começava a se por, tornando o céu um mar de nuvens coloridas em tons de laranja, vermelho e roxo. Eu precisava achar um abrigo e com rapidez. Os carros não são seguros, as casas ao redor podem não ser também. Não tenho muitas opções.

Recuo imediatamente ao avistar vários infectados virando a esquina, com certeza ouviram os gritos do rapaz recém-infectado e vinham terminar o serviço pelo qual ele ansiava, infelizmente, seria de modo bastante doloroso. Escondi-me atrás de um carro e vi os infectados passarem, um deles correndo, os outros andando, no entanto, com pressa. Estranho, talvez a doença deixe-os retardados o suficiente para não conseguir correr após algum tempo. Ou então, eles sabem que a presa está imóvel e andam com calma preparando-se para o jantar. Como uma família de leões após a presa ter sido abatida.

Assim que passam sem me notar, corro na direção contraria e com muita dificuldade pulo o gradil de uma casa, cujas janelas estavam quebradas e tinham aspecto sombrio. Estou exausto e espero que a casa esteja abandonada, pois um infectado já me observa do lado de fora do gradil, batendo-se contra o mesmo e babando, com tanta raiva quanto a que eu sinto por ele. Não hesitei em correr e enfiar a barra de ferro em seu rosto, para tentar matá-lo e não ter a posição entregue aos outros que estavam nas ruas.

Acerto-o em cheio em um dos olhos, o infectado cai com uma expressão de desespero, sangrando e urrando de dor. Divirto-me com a cena, mas devo voltar-me para a casa antes que seja pego de surpresa. Tenho desenvolvido um estranho gosto por ver sangue.
Pulo uma das janelas e abro a porta com cuidado. Após uma revista cautelosa verifico que a casa está vazia exceto por alguns ratos que correm pelos corredores carregando os restos de comida que sobraram em cima da mesa. Procuro por alimento também. Acho apenas um pequeno pacote de biscoitos de água e sal dentro de um armário. Não são suficientes, mas é melhor que nada. Penso em caçar alguns ratos, mas não tenho como assá-los e comer rato cru além de não ser apetitoso deve me trazer alguma doença séria.

Hoje terei de passar a noite aqui. Amanhã buscarei um transporte ou algum meio de chegar à casa de Julia. Não sei ao certo onde estou. Posso estar perto, posso estar muito longe. Curitiba é grande e nem ao mesmo sei se estou nesta cidade. Amanhã descobrirei tudo, agora não é hora. Antes de tentar dormir, preciso buscar um cômodo seguro nesta casa. Levo um colchão até o banheiro, que não era pequeno como havia imaginado. Passarei a noite aqui. Por mais assustador e fechado que seja, no momento, me parece melhor não ter uma via de fuga e não chamar a atenção do que ficar fugindo sem nem conseguir correr. Estou extremamente cansado e angustiado. Não sei como está Julia.

O chuveiro ainda funciona, no entanto, a água está gelada. Não vejo qualquer problema em um banho gelado, preciso me limpar e há uma pequena caixa de medicamentos na cozinha, tentarei limpar meus machucados com algum anti-séptico, mesmo no escuro. Uma infecção pode ser perigosa, ainda mais após ter perdido muito sangue e estar faminto e sem previsão de comida. A água incidindo sobre os meus ferimentos arde muito, mas a dor passou a ser um sinal de vida, de que posso continuar lutando.

Agora que penso com mais clareza, vejo que existem muitas dúvidas e perguntas a serem respondidas. Sinto a falta de Julia, mas receio ser dela o ataque. Porque não quis me falar o que haviam conversado? Julia não faria isso comigo. Havia pensado muito pouco nela após ter recobrado a consciência e no período em que procurei por algo que pudesse me ajudar a sobreviver. Como ela estará? Quem me atacou? Será que foi atacada também? Por que me largaram em um local longe de onde tudo aconteceu? E o filho da puta do Jean, o que tem aprontado? Agora comigo longe, deve estar feliz tentando consolar Julia, se é que não foram os dois que planejaram isto. Saddam está bem? Será que ele morreu tentando me salvar? Ainda recordo com exatidão o choro do cão que sempre foi muito forte e corajoso. Para algo ter acertado-o e o feito chorar, deve ter sido uma pancada muito forte. Espero que ele esteja bem e em segurança. Pensando por este lado, Julia nunca machucaria o cachorro, assim como eu, ela adora o seu “urso que late”.

Já é noite e tudo está quieto lá fora. É estranho estar deitado espremido em um banheiro, no escuro e ainda se sentir bem por estar vivo e não ter me tornado um infectado. Aos poucos o cansaço e a angústia começam a dar lugar ao sono e vou sentindo meu corpo dolorido ficando mais pesado. Desperto assustado seguidas vezes, talvez seja a falta de costume de dormir em um banheiro de uma casa desconhecida. Ou somente o fato de estar tudo pior, depois de estar quase me acostumando a esta realidade e ter tido tempos relativamente tranqüilos ao lado da menina que amor. Enquanto volto a relaxar, ouço os ratos correndo e dois seres se aproximam silenciosamente da casa.

Durmo um sono profundo, já sem me alarmar com os barulhos vindos dos ratos e sem notar os passos no corredor.